PSICANÁLISE E RACISMO: INTERPRETAÇÕES A PARTIR DE QUARTO DE DESPEJO

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  • Livraria e Editora Scriptum Rua Fernandes Tourinho, 99, Belo Horizonte (MG)
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Carolina Maria de Jesus, a partir de seu Quarto de Despejo, inspira o diálogo transdisciplinar entre a psicanálise, o direito e a literatura, nos artigos reunidos neste livro. Como a obra de Carolina e o diálogo acadêmico inspirado por ela pode nos auxiliar a pensar sobre e a lutar contra o racismo? Fazendo circular e acreditando na força que a palavra tem de desconstruir as ficções psíquicas e políticas que organizam nosso pacto social. Essa é a aposta que anima a pesquisa cujos primeiros resultados estão neste livro.

Partimos da hipótese de que o racismo é uma construção histórico-libidinal e que pode ser desfeita. Dentre os códigos fascistas que organizam o desejo, o racismo se destaca (dentre o machismo, a homofobia, por exemplo) por tentar situar a alteridade num determinado grupo de pessoas de forma a controlá-la, subjugá-la. Esse desejo de distinção provém, em grande medida, da angústia produzida pela presença da alteridade dentro do próprio sujeito.

É importante retomar a literatura em sua máxima potência: o campo que explicita nossa capacidade de inventar modos de existência. A literatura compreendida, portanto, não apenas como mímesis, mero e suposto retrato da realidade. Além disso, é preciso ir além da compreensão da literatura como denúncia, como panfleto dos desesperados. Há algo em um livro como o de Carolina que é preciso ser destacado: trata-se de uma resposta singular a um pacto social perverso, organizado pelo racismo. É preciso pensar nos efeitos afetivos que tal resposta, endereçada como um “diário de uma favelada”, produz em cada um(a) de seus (suas) leitores(as). São estes efeitos os únicos capazes de mobilizar forças psíquicas e políticas para desconstruir as razões pelas quais o pacto social racista se estabeleceu.

Que a(o) leitor(a) encontre respostas e também, conosco, sustente o enigma que nos convida a problematizar o racismo, colocá-lo em questão, entender melhor as raízes que o alimentam, para que possamos desconstrui-lo.