A CASA DOS MORTOS - O EXÍLIO NA SIBÉRIA SOB OS ROMANOV
Dostoiévski criou a expressão “casa dos mortos” para designar o sistema prisional brutal e desumano a que eram submetidos os exilados na Sibéria, onde ele mesmo ficou preso. Neste livro fundamental, Daniel Beer narra a história de um experimento social fracassado, mas que influenciou de maneira decisiva as forças políticas do mundo moderno.
Em A casa dos mortos, o historiador Daniel Beer demonstra como o exílio siberiano havia sido pensado não só como repositório de criminosos comuns e dissidentes políticos, mas também como um projeto de colonização de vastos territórios.
Na prática, foi enviado ao interior da região um exército de miseráveis e vagabundos irrecuperáveis, que sobreviviam mendigando e roubando dos verdadeiros colonizadores, os camponeses siberianos. Entre os degredados havia também gerações de revolucionários de grandes e pequenas cidades da Rússia europeia e da Polônia. A SIbéria se tornou um gigantesco laboratório da revolução, e o exílio, um rito de passagem para homens e mulheres que um dia governariam a Rússia. As biografias e os escritos de uns poucos luminares dominam a memória histórica do exílio siberiano antes da Revolução Russa.
Alguns deles, como Fiódor Dostoiévski e Vladímir Lênin, passaram pelo desterro; outros, como Anton Tchékhov e Liev Tolstói, produziram retratos expressivos da vida dos condenados na Sibéria em reportagens e textos ficcionais. Para cada radical banido, milhares de criminosos comuns e suas famílias foram expulsos para o esquecimento na Sibéria. SUa sorte só sobrevive em relatórios policiais, petições, atas de julgamentos e correspondência oficial que foram compilados e retidos pelo Estado policial cada vez mais desenvolvido e sofisticado.
Por meio desses documentos, Daniel Beer resgata as experiências de revolucionários e criminosos comuns na Sibéria, desde a coroação de Alexandre I, em 1801, à abdicação de Nicolau II, em 1917.