A formação da classe operária inglesa - Vol. 1
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A formação da classe operária inglesa é, provavelmente, o trabalho do pós-guerra mais criativo da história social inglesa. O estudo sobre a sociedade de artesãos e da classe operária nos seus anos de formação, de 1780 a 1832, acrescenta uma importante dimensão à nossa compreensão do século XIX. Thompson não vê o povo da Inglaterra como dado estatístico ou como vítima da repressão política e alienação industrial: para ele a classe operária inglesa foi parte definitiva na sua própria formação.
Da orelha de Edgar Salvadori de Decca:
Certa vez, em uma entrevista, perguntaram a E. P. Thompson sua opinião sobre a historiografia inglesa. Ele respondeu mais ou menos assim: “Creio que grande parte da historiografia, principalmente na Inglaterra, considerou a sociedade do ponto de vista das expectativas e da autoimagem da classe dominante: a propaganda dos vencedores . Por isso, creio que recuperar uma história alternativa supõe quase sempre polemizar com a ideologia dominante.”
Acredito que a afirmação ainda espanta os espíritos que velam pela historiografia brasileira. Mesmo porque A formação da classe operária inglesa não é o resultado de nenhuma tese de doutorado. Segundo o próprio autor, “não foi um livro escrito para um público acadêmico. Meu trabalho durante muitos anos foi o de professor de adultos em aulas para trabalhadores e sindicalistas. Além desse público eu tinha em mente as esquerdas velhas e novas e o movimento operário.”
Toda a longa trajetória de E. P. Thompson o transformou em um historiador comprometido com as causas populares e um crítico vigoroso da ideologia dominante, sem perder nunca o humor e a ironia. Quando eu pretendia publicar um livro com seus artigos mais importantes da década de 1970, escrevi-lhe pedindo uma revisão final dos textos. Sua última resposta, muito amável e irônica, foi desconcertante: “Não consigo revisar meus textos, estou bastante afastado da atividade de historiador. Dedico todo o meu tempo e escritos à causa antinuclear. Acredito que se Ronald Reagan me der um pouco de paz, consigo voltar à minha mesa de trabalho e terminar a revisão dos artigos que você me pediu.”
A formação da classe operária inglesa não polemiza apenas com a propaganda dos vencedores, critica também as concepções marxistas sobre a classe operária que a transformaram no resultado da equação energia vapor + sistema industrial num mero fator de produção. Isto me faz lembrar a frase solitária de Charles Chaplin: “ Não sois máquina! Homens é que sois! ” Este livro é a história de uma experiência e de uma cultura popular.
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