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Mais do que se ater aos feitos de Teófilo Otoni e da Companhia do Mucuri, o livro
se debruça na análise da sociedade construída por camponeses, agregados e fazendeiros na
última fronteira agrícola mineira, no período de 1890 a 1950. Também examina as
transformações da região na segunda metade do século passado, dedicando espaço às lutas
dos trabalhadores rurais e às relações sociedade-natureza no Mucuri, e discuti como, na
esteira da abertura da rodovia Rio-Bahia, a região se desligou do vizinho Vale do
Jequitinhonha e deixou de ser polo atrator de migrantes para se tornar área expulsora de
população, e tida pelo Estado como zona deprimida.
A abordagem empregada no livro é mais qualitativa do que quantitativa, apoiada em
fontes cartoriais e em depoimentos de antigos moradores do Mucuri, sem esquecer de
viajantes e memorialistas do século XIX e primeira metade do século XX.
A propósito do livro, o autor ressalta que é resultado do seu trabalho como
professor em disciplinas de história regional ministradas na UFVJM, especialmente nos
anos 2014-15. “Muito do que publiquei e pesquisei é fruto do meu trabalho docente. Em
História e em Ciências Humanas, ensinar era e ainda é algo importante, de maneira que se
deve valorizar imensamente a experiência de sala de aula. Este livro é um tributo a isto, a
esta necessária relação entre ensino e pesquisa, e um pequeno gesto pela valorização do dia-
a-dia da docência”.
