A potência plebeia - ação coletiva e identidades indígenas, operárias e populares na Bolívia
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A potência plebeia - ação coletiva e identidades indígenas, operárias e populares na Bolívia

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Ex-vice-presidente do Estado Plurinacional da Bolívia, Álvaro García Linera é um dos mais destacados intelectuais de seu país e do continente. Com longa trajetória de militância e elaboração teórica, García Linera sempre primou pela busca de um marxismo adaptado à realidade concreta boliviana e sul-americana, conciliando o pensamento materialista dialético clássico com uma série de influências indígenas e de outras matrizes do pensamento social.

 

Coletânea de seis ensaios produzidos em diferentes épocas, A potência plebeia – ação coletiva e identidades indígenas, operárias e populares na Bolívia reúne pela primeira vez em português importantes momentos da produção intelectual de García Linera. Segundo o jornalista Pablo Stefanoni, autor do prefácio, a trajetória do ex-vice-presidente o coloca no papel de “intérprete do complexo processo político e social iniciado em 22 de janeiro de 2006, após o primeiro indígena chegar à presidência desta nação andino-amazônica, onde 62% dos habitantes se autoidentificam como parte de um povo originário, em sua maioria quéchua e aimará”.

 

Atraído pela questão indígena por conta da guerrilha guatemalteca, García Linera jamais abandonou esse interesse nas diferentes fases de suas concepções políticas, buscando apoio no marxismo para melhor formular a proposição de um “governo-índio”. Ainda segundo Stefanoni, “dedicou centenas de páginas a esquadrinhar Marx, Engels e Lenin para encontrar respostas ao problema nacional – ou comunitário-camponês”. Esses estudos puderam ser amplamente desenvolvidos no período em que esteve preso, por conta de sua participação em movimentos guerrilheiros.

 

Trecho

 “Apenas quando sai em rebelião a comunidade é capaz de invalidar, na prática, a fragmentação por meio da qual vem sendo condenada a se debilitar até hoje, reabilitando assim os parâmetros comunais da vida cotidiana como ponto de partida expansivo de uma nova ordem social autônoma. Isso significa que é nesses momentos que o mundo comunal-indígena deseja a si mesmo como origem e finalidade de todo poder, de toda identidade e todo porvir que lhe compete; seus atos são a enunciação tácita de uma ordem social que não reconhece nenhum tipo de autoridade alheia ou exterior à própria autodeterminação em marcha. Essa maneira protagônica de construir o porvir comum que reivindica, ao mesmo tempo, uma distinta figura social-natural da reprodução social (autodeterminação nacional-indígena) e transita pela refundação da existência em coalizão pactada com a plebe urbana (o nacional-popular) exige que indaguemos sobre as distintas formas da constituição nacional das sociedades. O moderno Estado nacional é, em relação a essas opções, apenas uma particularidade suplantadora e tirânica dessas energias”.

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