A vida descortinada

A poética de Maria Beatriz Teixeira percebe e aponta as estrelas do viver de uma vida embrulhada de presença. Presença simplesmente poética. Às vezes objetiva. Às vezes sonhadora de quereres em coração grande.

Ainda que as nuvens tampem a solidão da imensidão de um céu, onde a poeta traça seu olhar que vai muito além do ver, mas observa. Observa e aceita esse ensaio que às vezes o desejo nos coloca à vida.

A poesia da Bia nos mostra a imensidão que é tentar delimitar o que se é. Faz ver a nossa vida entrelaçada em pontes que vão ao encontro de uma poesia delicada. Um convite ao abraço quando, passeando pelas letras, na esperança de nos conectar ao valor da existência, em detalhes, se resolve inspirar. A sua sensibilidade se faz morada e não nos reserva incólume a ela.

É contundente que aponta em pontadas o coração da leitora e do leitor, rasgando o véu gélido de uma vida nada superficial. Um mergulho vívido da poeta e seus lugares; que entre quem estiver aberto e não a ver navios, mas para acender grandes pavios. Que é alumiando o nosso coração que os olhos percorrem as estrofes. São construções frasais sobretudo elegantes e pontuais. O que precisa ser dito foi visto e escrito. Lido e transmitido o bonito. Uma regada maravilhada de uma presença que poderia dizer que adentra o nosso olhar e escorre nosso pulsar. Saio de forma apontadíssima com a obra. Resguardada pelo ensaio que é viver ao fim de passarinhar na gaiola do mundo em direção ao quê de sonhos pode nos fazer explodir. E basta uma pontada nesse vidão – visão.

Enquanto isso, corra os olhos compassados no delineamento da vida poética acontecendo agora, neste presente livro, que tem também um tom para criticar, um tom para ser e estar, tudo no tom do brilhar. Um coração. Um coração de uma poeta com esses atributos não se encontra muito por aí.

Flávia Brettas