ARGONAUTAS DO PACÍFICO OCIDENTAL
Publicado em 1922, o clássico Argonautas do Pacífico Ocidental, de Malinowski, foi uma etnografia pioneira, definindo boa parte dos parâmetros de pesquisa vigentes até hoje. É a primeira vez que um antropólogo, com repertório teórico e instrumentos metodológicos, vive entre uma população por longo período, aprendendo sua língua e compartilhando seu cotidiano, realizando o que se chama de "observação participante". Com Argonautas, desfaz-se definitivamente a visão das sociedades tribais como fósseis vivos do passado, peças de museu, com crenças e costumes irracionais e desconexos. Malinowski descreve como os habitantes das ilhas Trobriand dão sentido ao mundo, "do ponto de vista nativo", e mostra a vivacidade e sofisticação dessa cultura.
A introdução do livro é uma aula sobre os fundamentos de uma pesquisa de campo científica, seus princípios e métodos. Em seguida, Malinowski descreve o cotidiano dos habitantes das Ilhas Trobriand, na Melanésia, em especial o funcionamento do Kula, um elaborado sistema de trocas que ocorre em um conjunto de ilhas, em que se trocam objetos valiosos ao longo de um ano. Extraordinários navegadores, foram aqui chamados de “argonautas”, tripulantes da nau Argo na mitologia grega.
Esta edição conta com um prefácio novo de Mariza Peirano, uma introdução da antropóloga Eunice Ribeiro Durham, e, da edição original, um prefácio do antropólogo Sir James G. Frazer. Um diferencial da edição da Ubu foi o resgate de boa parte das imagens registradas por Malinowski na Nova Guiné, graças ao arquivo Malinowski, que está sob o cuidado da London School of Economics, em Londres.