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ARMAS DE PAPEL: GRACILIANO RAMOS, AS MEMORIAS DO CARCERE E O PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO - 1ªED.(2016)
Em março de 1936, o escritor alagoano Graciliano Ramos (1892-1953) foi preso em Maceió. Enviado ao Recife e depois ao Rio de Janeiro, passou por três presídios e ficou onze meses detido sem qualquer julgamento ou acusação formal. O mesmo ocorreu a diversos intelectuais durante a Era Vargas, quando o alinhamento político à esquerda era motivo suficiente para repressão ferrenha, tortura e detenção. Dez anos depois, ele retomaria essa experiência ao iniciar a escritura de Memórias do cárcere (publicado postumamente em 1953), livro que sobrepõe relato, documento e literatura. A disposição do autor em entender um período crucial da história do país pelo filtro da sua experiência faz das Memórias algo raro na prosa brasileira.
Armas de papel, de Fábio Cesar Alves, professor de Literatura Brasileira na USP, realiza uma leitura ampla e profunda das Memórias do cárcere ao levar em conta a duplicidade de vozes e de temporalidades que se instauram no discurso: a da experiência e a da rememoração. E, ao fazê-lo, acaba por recensear boa parte da história política do Brasil no século XX e oferecer ao leitor um belo estudo sobre o papel do escritor e do intelectual num país periférico.
Antonio Candido disse certa vez que o intelectual tem o dever da lucidez. Pois este livro tem um duplo mérito: o de mostrar como Graciliano, mesmo sob as condições mais difíceis, preservou sempre aquela extrema lucidez que marca os seus romances; e de ser, ele mesmo, um exemplo de crítica literária da melhor qualidade, lúcida e apaixonada.
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