BANDOLEIROS NA HISTÓRIA DO BRASIL
Escrever sobre a atuação de bandidos instiga, na maioria dos seres humanos, sentimentos variados. Desde a nossa graduação, estimulados pela leitura do universo do bandoleirismo na Espanha medieval e moderna, sentimo-nos encantados por esse tema ainda pouco explorado no Brasil. Muito se tem pesquisado sobre o bando de “Lampião” e outras quadrilhas que atuaram no século XX. Contudo, pouco se tem investigado, de forma sistemática, a respeito das raízes do bandoleirismo no Brasil. Aos poucos, reunimos documentos de época (séculos XVII e XVIII) e obras referências sobre o assunto como ferramentas necessárias para a redação de um trabalho que reunisse breves discussões sobre o tema da criminalidade e apresentasse, ao leitor, as ações desses bandidos e suas relações com os poderes locais. A capitania de Minas Gerais destacou-se neste aspecto. Mas, ao desenvolver a pesquisa, vimos que essas raízes iam além das “Gerais” do século XVIII. Ao lado da quadrilha de saltedores da Mantiqueira e do famoso bando do “Sete Orelhas”, outros bandos foram descobertos. “Redutos de dominação bandoleira” foram se formando nos sertões de várias partes da antiga América Portuguesa. De fato e como consequência da quebra dos direitos costumeiros (“Lei da Boa Razão”), a ação dos bandoleiros, com a adesão de pequenos e médios posseiros, tornou-se uma nova forma de ação coletiva (protesto social) e um sinal claro de ruptura com a coroa portuguesa. Espera-se que a nossa obra possa enriquecer os estudos sobre a violência coletiva e as culturas políticas no período colonial. Este livro foi redigido para todos que se interessam pelo tema da criminalidade: historiadores, advogados, juristas, cientistas sociais e políticos ou leitores fascinados com a questão da criminalidade em nossa nação.