Breve História do Espírito
As palavras e o discurso são protagonistas das três peças que compõem este livro: momentos curtos na vida de homens que se encontram em pequenas ciladas existenciais, embebidos de angústia e inquietude urbana, mas também de humor.
Depois do sucesso de A senhorita Simpson, Sérgio Sant'Anna voltou à cena literária com Breve história do espírito. São três peças de ficção cuja linguagem sempre inventiva capta momentos especiais na vida de homens que, em idades diferentes, procuram sair de situações que podem parecer difíceis, mas não deixam de ser extremamente divertidas.As personagens falam muito, perdem-se por entre palavras, tentando dar conta de tarefas simples que se transformam em verdadeiros desafios: um exame de seleção para uma vaga de redator de folhetos religiosos, a aula inaugural de um curso universitário sobre estética e filosofia da comunicação, uma festa de despedida na casa de um general da reserva. Nessas circunstâncias, responder à pergunta "Quem sou eu?" torna-se uma ótima e cômica oportunidade para falar sobre tudo, desde a Gênese bíblica até o jogo de basquete. Assim, as personagens parecem construir um palanque imaginário, constituindo a principal platéia de seus desvarios de linguagem. O que é sério ganha um formidável tom humorístico e a retórica não passa de artimanha, de armadilha. Mas por trás do emaranhado de frases de efeito, em Breve história do espírito estão representados seres que experimentam algo fundamental: a necessidade de usar as palavras como sinal de comunicação, gesto que nos faz essencialmente humanos.