Ciência, objeto da história
Contar a fascinante história das ciências, com todas as implicações epistêmicas, sociais e políticas decorrentes, é uma operação que se reveste de crescente importância e complexidade à medida em que a “sociedade do conhecimento” se torna um eufemismo irônico para designar nossa era colonizada pela racionalidade tecnoeconômica e povoada por dispositivos tecnocientíficos que circulam pelos canais do mercado global. Ao longo do século XX, as formas dessa história ser narrada se transformaram em conjunção com a transformação das formas de produzir conhecimento científico – mas não a reboque destas. A imagem da “Ciência”, no singular e com maiúscula, erigida desde a segunda metade do século XIX se transforma sucessivamente à medida em que se reconfiguram as correlações de força constitutivas das hierarquias epistêmicas e das ordens sociais; à medida em que a Big Science consolida uma aliança entre militares, industriais e cientistas; ou que a tecnociência se insinua entre as frestas do antigo modelo, por demais estático para essa ciência recombinante da nossa época. De Boris Hessen a Lorraine Daston, a história e a historiografia das ciências do longo século XX são examinadas nesse livro de maneira abrangente e criativa, seguindo o percurso de formação da disciplina sob a luz do problema da demarcação entre interno e externo na explicação da mudança científica. Sobre o autor: Gabriel da Costa Ávila é professor de Teoria da História no Centro de Artes, Humanidades e Letras da UFRB, na cidade de Cachoeira, Bahia. Graduado em História na UFBA (2008) e Doutor em História pela UFMG (2015) com pesquisas na área de história das ciências, teoria da história e epistemologia. É autor de Epistemologia em Conflito: uma contribuição à história das Guerras da Ciência (Fino Traço, 2013). A tese de doutorado, Ciência, objeto da História, que aparece agora como livro, recebeu Menção Honrosa no “Prêmio SBHC Melhor Tese e Melhor Dissertação – 2016”.