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Na antologia há pequenas joias de autoficção, com títulos explicativos: A literatura na vida, Como vivo e trabalho, Meu primeiro Tolstói, Nostalgia, Que faire? (acerca das antipatias mútuas entre esses refugiados) e O pseudônimo (“Não queria me esconder atrás de um pseudônimo masculino. Seria fraco e covarde.”).Crianças, animais e os costumes do campo se destacam em vários contos do volume, um deles uma espécie de paródia de histórias sobrenaturais, que tem um cachorro como figura central. Em outros contos sobressaem personagens femininas, ora tolas, ora sábias.
A ordem dos contos permite acompanhar os pontos de vista da autora em relação à política russa, da simpatia pelos bolcheviques até a decepção progressiva que a levou execrar o processo revolucionário e iniciar um périplo pela Europa Ocidental até se estabelecer em Paris. Téffi mira a burocracia, o mundo jurídico, os hábitos religiosos e as festas burguesas russas. Um dos personagens diz que “a Rússia não se pode compreender com a mente”.
No primeiro apanhado encontra-se um conto espirituoso e equivalente a um tratado sobre a imbecilidade. Mais à frente surge Um dia no futuro, talvez a sátira mais demolidora de Téffi aos bolcheviques, que considera iletrados. Em tom semelhante a escritora cria, no conto Florzinha Branca, uma discussão sobre a necessidade (ou não) de pedir a Deus que perdoe Lênin, visto como um criminoso.
Em um trecho do livro, Téffi enuncia seu credo de escritora: “De modo geral, considero que as histórias mais maravilhosas do mundo são muito mais numerosas do que pensamos. É preciso apenas saber ver, saber seguir o verdadeiro fio dos acontecimentos, sem afastar conscientemente aquilo que nos parece inacreditável, sem embaralhar os fatos e sem impor as nossas explicações a eles”.
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