Crônicas Anticapitalistas: um Guia Para a Luta de Classes no Século XXI (Volume 1)
Inspirado nas Crônicas anticapitalistas, podcast quinzenal em que David Harvey analisa as atuais conjunturas política, social e econômica global, a obra homônima apresenta ao leitor um sobrevoo acessível e aprofundado de assuntos variados como o neoliberalismo pós-crise de 2008, a ascensão da extrema-direita no mundo, o papel da China na economia, as mudanças climáticas, o mundo pós-covid e, claro, o futuro do socialismo.
Sem deixar de lado a análise marxista, que é parte fundamental de sua obra, Harvey perpassa conceitos essenciais como alienação, acumulação primitiva, financeirização, etc. Com uma linguagem acessível, própria da oralidade, o autor apresenta novas maneiras de entender a crise do capitalismo global e as lutas por um futuro melhor.
Ao mesmo tempo em que aborda assuntos espinhosos, Harvey também narra a esperança e a possibilidade de inventarmos alternativas para o futuro. Ele descreve, com brilhantismo característico, como as alternativas socialistas estão sendo imaginadas em circunstâncias muito difíceis. Ao entender as dimensões econômicas, políticas e sociais da crise, a análise do geógrafo em Crônicas anticapitalistas será de importância estratégica para qualquer pessoa que queira compreender e mudar o mundo.
Trecho
“Há muitas contradições no sistema capitalista; algumas são mais salientes do que outras. As enormes desigualdades sociais, o abismo entre as classes e o colapso das condições ambientais são prioridades evidentes. Mas ai entra a contradição de ser ao mesmo tempo monstruoso demais para sobreviver e, conforme a expressão, too big to fail. Nem as questões de desigualdade social nem as de degradação ambiental podem ser abordadas sem enfrentar essa contradição subjacente. Um programa socialista e anticapitalista terá de negociar um caminho tênue entre, por um lado, preservar as infraestruturas que, na medida em que atendem demandas básicas da população mundial, parecem grandes e fundamentais demais para quebrarem, e, por outro lado, confrontar o fato de que o sistema está a se tornando monstruoso demais para sobreviver sem ter que provocar conflitos geopolíticos que provavelmente elevarão as inúmeras pequenas guerras e disputas internas que já assolam o planeta numa conflagração global”.