Depois de Piketty - A Agenda Para a Economia e a Desigualdade
Economistas e o próprio Thomas Piketty repercutem questões levantadas pelo livro O capital no século XXI, marco da discussão sobre a desigualdade no capitalismo
O capital no século XXI, de Thomas Piketty, é a obra de economia mais amplamente discutida dos últimos anos, tendo vendido milhões de exemplares em diversos idiomas, inclusive com grandes resultados no Brasil. Mas até que ponto suas análises de desigualdade e crescimento econômico são precisas? Em que direção os pesquisadores deveriam ir para explorar as ideias que Piketty impôs à linha de frente da discussão global? Um elenco de economistas e cientistas sociais confrontam essas questões em franco diálogo com Piketty.
Depois de Piketty abre com uma discussão de Arthur Goldhammer, o tradutor de O capital no século XXI para o inglês, sobre as razões para o sucesso fenomenal do livro seguida de artigos assinados por Paul Krugman e Robert Solow, ambos Nobel de Economia. O restante do livro é composto por ensaios encomendados para interrogar e analisar os argumentos de Piketty. Suresh Naidu e outros contribuidores questionam se Piketty falou o suficiente sobre o poder, a escravidão e a complexa natureza do capital. Laura Tyson e Michael Spence consideram o impacto da tecnologia na desigualdade. Heather Boushey, o ex-economista-chefe do Banco Mundial Branko Milanovic e outros refletem sobre tópicos que vão de gênero a tendências no Sul global. Emmanuel Saez estabelece uma agenda para futuras pesquisas sobre a desigualdade, enquanto outros ensaístas examinam as implicações do livro para as ciências sociais de maneira mais ampla, como Elizabeth Jacobs, esta na espreita do entrecruzamento de Piketty com a política.
Piketty responde a essas questões no capítulo de conclusão, com um texto substancial no qual não se esquiva de abordar eventuais omissões e delinear novas abordagens, inclusive se debruçar mais sobre as economias emergentes. Indispensável obra interdisciplinar, Depois de Piketty não foge aos problemas aparentemente complexos que fizeram de O capital no século XXI um livro tão instigante para inúmeros leitores.