Em câmara lenta

Em câmara lenta

R$74,90

2 x de R$37,45 sem juros
Entregas para o CEP:

Meios de envio

  • Livraria e Editora Scriptum Rua Fernandes Tourinho, 99, Belo Horizonte (MG)
    Grátis
Entregas para todo o Brasil por Correios
Pedidos recebidos até às 13h de cada dia útil serão enviados no mesmo dia. Pedidos feitos após esse horário serão enviados apenas no próximo dia útil, sujeitos portanto a alteração na estimativa de prazo de entrega.
Entrega expressa para clientes em Belo Horizonte, MG.
Para clientes localizados em Belo Horizonte, MG, oferecemos entrega expressa por motoboy, com valor a combinar, pago por PIX. Basta selecionar a opção de frete ou entrar em contato por WhatsApp.

Brasil, início dos anos 1970. De sua cela no presídio Tiradentes, o jovem paraense Renato Tapajós, que cumpria pena pelo envolvimento em ações de resistência à ditadura militar, escrevia, em letras miúdas sobre papel de seda, os capítulos daquele que se tornaria um dos romances mais impactantes sobre a luta armada, a repressão e a tortura durante o regime militar. Dobrado em pequenos retângulos envoltos em fita adesiva, o romance Em câmara lenta foi dessa forma sendo levado, aos poucos, para fora da prisão – pelos pais do autor, que os colocavam sob a língua, durante suas visitas. 

Quando todos os pedaços puderam ser finalmente reunidos em um volume, o romance foi publicado em 1977, três anos depois da saída do autor da cadeia. No entanto, semanas depois do lançamento, Renato Tapajós, foi reconduzido à prisão pelo DEOPS, sob acusação de incitar a subversão, e uma ordem policial determinou a apreensão dos exemplares à venda. O romance teve outra edição em 1979, quando a ditadura ensaiava uma abertura política, e só agora volta a ser publicado. A nova edição traz, entre os aparatos, um posfácio de Jayme Costa Pinto, uma entrevista com o autor, o parecer do crítico Antonio Candido utilizado nos trâmites do processo e o relatório da seção de análise e inteligência do Exército, que tenta simular uma crítica literária para chegar à conclusão de que o livro é subversivo. 

Em câmara lenta se desenrola num fluxo de memória:  o presente é de desencanto e autocrítica, e as lembranças voltam sempre para as atividades clandestinas do grupo semidesmantelado ao qual pertence o narrador. Há outros tempos, contudo, nesse prisma literário: a recepção das notícias do golpe militar de 1964 numa cidade do interior, os conflitos violentos entre estudantes de esquerda e de direita na rua Maria Antônia, relatos da guerrilha do Araguaia e cenas de uma fuga da prisão. A narrativa, como sugere o título, é cinematográfica e não faltam momentos eletrizantes, entre eles uma ação traumática reconstituída aos poucos. 

O pedido de perícia a Antonio Candido para integrar a defesa no processo gerou uma brilhante e elogiosa descrição do arcabouço de Em câmara lenta: “A narrativa, muito moderna, é descontínua, fragmentada, procede por flashes que adquirem certo tom de irrealidade e entra por vezes na dimensão atemporal, que nos arranca do quotidiano presente para entrar no universo da fábula realista”. 

A conclusão de Antonio Candido, como era previsível, foi de que o livro não é um convite à subversão. E vai além: o romance de Tapajós pode ser lido até como uma crítica à atividade guerrilheira. Não é por acaso que o narrador do romance insista que aqueles setores a que os revolucionários pretendem representar – os operários, os trabalhadores do campo – não compreendem as ações nem os argumentos dos que optaram pela luta armada. Mesmo assim, o personagem tem consciência de que escolheu um caminho sem volta. “Quem conheceu a morte sabe que o único crime é permanecer na superfície da vida”, constata. 

Jayme Costa Pinto considera, em seu posfácio, que “além de abordar de forma incomum os acontecimentos políticos que marcaram o país numa época de recrudescimento da repressão, Tapajós revela uma tendência algo visionária, prenunciando ainda no calor da hora os dilemas que os movimentos de esquerda viriam a enfrentar no período pós-ditadura”. Na entrevista que acompanha o romance, o próprio autor reflete como vê, hoje, a situação das esquerdas brasileiras, e reavalia a importância da obra, quase cinco décadas depois de ser escrito. 

Tapajós envolveu-se na resistência à ditadura militar, militando no grupo maoista Ala Vermelha, uma dissidência do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Foi preso em 1969 e ficou detido até 1974. Durante a detenção, escreveu Em câmara lenta. Quando o livro foi publicado, Tapajós foi reconduzido à prisão, e a tiragem, apreendida. 

Enviamos suas compras

Entrega em todo o país

Pague como quiser

Cartões de crédito ou à vista no Pix

Compre com segurança

Seus dados sempre protegidos