Ética
Baruch de espinosa, ou Spinoza (1632-1677), nasceu em Amsterdã, filho de pais judeus emigrados de Portugal. Aos 24 anos, por suas opiniões pouco ortodoxas, foi expulso da sinagoga da cidade e acabou se mudando para Haia, onde publicou duas obras em vida: os Princípios da filosofia de Descartes (1663) e o Tratado teológico-político (1670), este editado de forma anônima. Sua obra magna, a Ética demonstrada segundo a ordem geométrica, só veio à luz no final de 1677, após a sua morte, com a publicação, por amigos, das Opera Posthuma, tendo logo entrado para o Index da Inquisição.
Constituída de cinco partes — “De Deus”, “Da natureza e da origem da mente”, “Da origem e da natureza dos afetos”, “Da servidão humana, ou das forças dos afetos” e “Da potência do entendimento, ou da liberdade humana” — e abordando questões de ontologia, epistemologia, física e psicologia, a Ética acabou se tornando uma das obras mais influentes do pensamento ocidental, sendo debatida apaixonadamente até os dias de hoje.
Combinando o método euclidiano (usando de definições, postulados, axiomas, proposições, demonstrações, corolários e escólios) com o pessoal e o subjetivo (recorrendo à imaginação, ao corpo e à sensibilidade), o rigoroso trabalho intelectual de Espinosa parte da definição heterodoxa de que Deus está em tudo e tudo é Deus, para, assim, demonstrar passo a passo como podemos lidar com os nossos afetos e usarmos a potência do nosso intelecto para escapar da servidão e atingir a liberdade e a plenitude enquanto seres humanos.
O presente volume, bilíngue latim-português, baseia-se na canônica edição Gebhardt da Ética, e traz a apurada tradução de Diogo Pires Aurélio, um dos maiores especialistas da atualidade na obra de Espinosa, que também assina as notas e a introdução a este grande clássico da filosofia moderna.