Figurações: Ensaios críticos
Uma das principais autoras hispano-americanas dos séculos XX e XXI, tanto como ensaísta como ficcionista, a argentina Sylvia Molloy (1938-2022) fez seu doutorado na Sorbonne, lecionou nas universidades de Princeton e Yale, e tornou-se professora emérita de escrita criativa na Universidade de Nova York. Figurações, organizado por Paloma Vidal, reúne treze de seus principais ensaios, que versam sobre questões de gênero, sobre o lugar da crítica, sobre as relações entre autobiografia e ficção, sobre os “pais fundadores” da literatura latino-americana Domingo Sarmiento, José Martí e Rubén Darío, sobre a tradição das mulheres nas letras, de Teresa de la Parra e Victoria Ocampo a Alejandra Pizarnik, e sobre a obra inesgotável e inspiradora de Jorge Luis Borges.
Nome incontornável das letras hispano-americanas na virada do século XX para o XXI, a argentina Sylvia Molloy (1938-2022) deixou um rico legado como escri¬tora e crítica. Figurações reúne uma amostra generosa de seus ensaios sobre literatura, cobrindo o essencial de suas paixões e indagações de leitora. Capaz de afeição e distância, de admiração e ironia diante das autoras e dos autores que a ocuparam ao longo da vida, Molloy sabia reler como ninguém, isto é, ler deslocando, ler por meio de variações de foco e de ângulo que tornavam mais ricas as obras que lhe caíam nas mãos. O resultado é uma visão original dos textos literários em sua complexa capacidade de revelar e ocultar, de figurar e transfigurar, como se vê nestes ensaios sobre seus temas de predileção: os “pais fundadores” argentinos e hispano-americanos, a começar por Sarmiento, Mar¬tí e Darío; a tradição das mulheres de letras, num arco que vai de Teresa de la Parra e Victoria Ocampo a Alejandra Pizarnik (de quem foi amiga) e à própria Molloy ficcionista; a questão do gênero, vinculada com vigor à questão do sujeito moderno; e por fim a obra de Jorge Luis Borges, objeto de seu primeiro grande livro e inspiração para alguns dos mais belos textos de Figurações.