FLORBELA ESPANCA: MELHORES POEMAS - 1ªED.(2005)
R$55,00
Há quase cem anos os sonetos amorosos de Florbela Espanca fascinam e incendeiam a sensibilidade de sucessivas gerações de leitores da língua portuguesa. Não menos fascinante e romanesca são as suas origens. Seu nascimento parece um romance de Camilo Castelo Branco. Como a sua esposa legítima fosse estéril, o comerciante José Maria Espanca convence-a da conveniência dele gerar um filho em sua amante, Antonia Conceição Lobo. Desse tratado insólito, nasce em Vila Viçosa, em 1894, uma menina batizada com o nome de Flor Bela Lobo, de pai desconhecido. A própria esposa de José Maria assiste ao nascimento e leva a criança à casa paterna, onde vive, amamentada pela mãe. Mais tarde, a menina adota o lindo nome de Florbela de Alma da Conceição Espanca.
Parece predestinada ao amor. A sua curta biografia é assinalada por vários amores (casou-se três vezes, rompeu com a família, escandalizou a sociedade provinciana lusa) e uma saúde precária que a levaria à morte prematura na cidade de Matosinhos, em 1930. Florbela estreia em 1919, com Livro de Mágoas, a que se seguiram Livro de Soror Saudade e Charneca em Flor (póstumo), todos compostos exclusivamente por sonetos. Os Sonetos Completos, reunindo ainda os versos inéditos de Reliquae, foram publicados em 1934.
Ardente, sensual, desafiadora, Florbela era mulher de imensa riqueza interior e imensas dúvidas ("A minha vida! Quel gâchis! Se eu nem mesmo sei o que quero!"), expressando-se em versos de um erotismo feminino sem paralelo na literatura portuguesa, mas marcados também pela generosidade, o sentimento de sacrifício, a ternura extrema, os momentos de encanto e desencanto do relacionamento amoroso, e um permanente sentimento de insatisfação, que deságua em ânsia pelo infinito, em libertação, que fazem dela uma precursora da liberdade feminina.