Homero
Este livro tem dois objetivos principais. O primeiro é facilitar a compreensão da Ilíada e da Odisseia fornecendo um guia sucinto e atualizado para as principais questões literárias, históricas, culturais e arqueológicas no coração dos estudos homéricos. O segundo é mostrar, através de exemplos concretos, como os leitores de Homero juntam-se a uma comunidade vasta e diversa de outros leitores e, na verdade, não leitores (como Petrarca).
Os poemas homéricos são objeto de estudo há mais de dois milênios e meio. Sabemos, por exemplo, que rapazes atenienses eram obrigados a aprender os poemas e explicar palavras homéricas difíceis no século V a.C.. Na biblioteca de Alexandria, nos séculos II e III a.C., eruditos admiráveis compilaram textos mais antigos de Homero, editaram-nos e escreveram extensos comentários. Resumos das suas anotações (conhecidos como escólios) acabaram indo parar nas margens dos manuscritos bizantinos. De Bizâncio, os manuscritos foram para a Itália, como já veio à baila, e lá os poemas foram impressos e publicados pela primeira vez. A pesquisa atual sobre Homero, a que é apresentada neste livro inclusive, haure dessa longa história de erudição: os escólios, particularmente, continuam sendo uma fonte crucial para os estudos homéricos. Ainda assim, por mais admirável que seja essa tradição erudita, ela não explica completamente a importância de Homero através dos séculos.