LASAR SEGALL (1889-1957): PINTURAS...1ªED.(2016)
Um dado inédito sobre a biografia de Lasar Segall motivou a realização de um novo livro e exposição sobre o artista. O pintor, escultor e gravador lituano nasceu em 1889 e não em 1891, como ele afirmava em sua autobiografia e currículos. Tal revelação se deu graças aos trinta anos de trabalho da pesquisadora brasileira Vera d’Horta como coordenadora do Setor de Pesquisa em História da Arte, no Museu Lasar Segall, em São Paulo. Boa parte desse tempo foi dedicado ao trabalho com o Arquivo Lasar Segall, que abrange uma coleção de cerca de dez mil documentos em diversos idiomas e de natureza vária, reunida em vida por Lasar Segall. Uma série de documentos reveladores do arquivo pessoal do artista estão reunidos no livro histórico “Lasar Segall (1889-1957)”, lançado pela Edições Pinakotheke, e comprovam ser ele dois anos mais velho do que gostaria. O livro reúne ainda mais de setenta trabalhos de Lasar Segall, a maioria proveniente de coleções da própria família Segall. Estão representadas as diversas linguagens de que o artista se serviu tendo o papel como suporte, desde a xilogravura e a gravura em metal até a aquarela, passando por desenhos a tinta preta e grafite. Além dos papéis, o livro é pontuado por esculturas e pinturas sobre tela, como as duas cenas de Meissen, na Alemanha, feitas durante a Primeira Guerra Mundial, e até então inéditas em solo brasileiro.
“A partir de 2009, a digitalização de mais de seis mil itens do acervo documental de Segall franqueou o acesso virtual aos originais e deu à pesquisa uma nova dimensão. Encontramos e analisamos documentos pessoais muito antigos, dos tempos da Rússia czarista, e as informações se tornaram conhecidas principalmente devido à tradução para o português de textos em ídiche e russo. A leitura e o cotejamento desses papéis com outras fontes de pesquisa nos permitiram rever alguns dados da biografia de Segall, entre os quais a data de seu nascimento”, explica a pesquisadora Vera d’Horta.
No livro reúne ainda obras de diferentes épocas, desde os primeiros anos do século 20, quando Segall transitava entre a cidade natal de Vilna, na Lituânia – na época parte do Império Russo – e as cidades alemãs de Berlim e Dresden, onde freqüentou as academias e fez parte do Expressionismo alemão, movimento que revolucionou a arte européia. Os trabalhos mostrados no livro se estendem até os anos 1950, pouco antes de seu falecimento em São Paulo, em 1957, passando pelo período de quatro anos em que viveu em Paris, de 1928 a 1932.
A vinda para o Brasil trouxe transformações estilísticas para Lasar Segall e as obras revelam mudanças no olhar do artista e sua percepção da paisagem e do povo brasileiro. “Lasar deixou para o público de hoje uma obra personalíssima, reflexo das influências culturais a que foi submetido e resultado da intensidade com que se entregou à sua arte”, conclui Vera d’Horta.