MÃE
Perto de fazer quarenta anos, Hugo Gonçalves recebeu o testamento do avô materno dentro de um saco plástico. Iniciava-se ali uma viagem, geográfica e pela memória, há décadas adiada. O primeiro destino: a tarde em que recebeu a notícia da morte da mãe, em 1985, quando regressava da escola primária.
Durante mais de um ano, o escritor procurou pessoas e lugares, resgatando aquilo que o tempo e a fuga o tinham feito esquecer ou o que nunca soube antes sobre a mãe. Das férias da infância aos desgovernados anos em Nova York, ele foi recolhendo os estilhaços do luto: os corredores do hospital, o colégio de padres, uma cicatriz na perna, o escape do amor romântico, do sexo e das drogas ou uma road trip com o pai e o irmão.
Gonçalves faz um relato biográfico sobre o afeto, as origens, a família e as dores de crescimento, quando já cruzamos o arco da existência em que deixamos de fantasiar apenas com o futuro e precisamos enfrentar o passado. E o livro é também, inevitavelmente, uma homenagem à figura da mãe, ineludível presença ou ausência nas nossas vidas.
"Triste e belíssimo. Não é para qualquer um encarar a perda da mãe e suas consequências em nós e no que nos tornamos. Hugo Gonçalves o conseguiu de forma brilhante e comovente. Poesia crua e bela, um acerto de contas invejável e inesquecível com a vida." – Marília Gabriela, jornalista
"O seu compromisso é com a verdade dos sentimentos que lhe vão surgindo, revelando coragem – ou não haveria livro – no modo como se expõe, como quer escapar a clichês e a uma piedade que conhece demasiado bem desde a perda da mãe. Ele faz o que fazem os escritores: pôr-se no lugar do outro, mesmo que isso seja impossível." – Isabel Lucas, jornalista
"Da dureza da idade adulta às recordações mais distantes, atravessando os 33 anos desde a morte da sua mãe, Gonçalves constrói, sobre a sua história verdadeira, uma fábula acerca do sentido do amor e da perda." – João Tordo, escritor