O MONSTRO E OUTRAS HISTÓRIAS
O monstro e outras histórias, de 1898, revela sua maestria na narrativa curta, com três textos exemplares nos quais mergulha na América profunda. Nessas histórias, Crane trata de personagens em desajuste com as circunstâncias externas, seja um homem marginalizado, um estrangeiro ou uma criança. A tradução e o posfácio da edição são assinados por Jayme da Costa Pinto e o projeto gráfico é de Luciana Facchini.
No primeiro texto, O monstro, um homem negro que trabalha para um médico branco salva heroicamente o filho deste de um incêndio, mas o fogo o deixa desfigurado, provocando a rejeição dos habitantes de uma cidade pequena. Em sua simplicidade apenas aparente, a história pode ser lida como uma alegoria das relações raciais nos Estados Unidos, uma crônica de província ou um retrato da frivolidade moral. Não à toa, O monstro é muitas vezes relacionado ao livro Homem invisível, de Ralph Ellison, autor que declarou que Crane influenciou não apenas Ernest Hemingway, mas também a maioria dos escritores modernistas do século XX, ele incluído. O célebre crítico William Dean Howells, considerou O monstro o melhor conto escrito até então por um autor nos Estados Unidos; e o escritor Joseph Conrad o qualificou de “assombroso”.
O hotel azul, conto antológico, vem em seguida no volume. O enredo gira em torno de um estrangeiro que se vê numa mesa de jogo e adota um comportamento perigoso. A trama tematiza os riscos de ir contra a corrente num contexto de convenções espúrias. Finalmente, em As luvas novas de Horace, um garoto se mete numa briga, estraga suas luvas novas e teme a reação da mãe. É uma história que evoca o medo e as transgressões da infância.