O Príncipe
O Príncipe, de maquiavel (1469-1527), é um dos livros mais influentes e polêmicos do pensamento ocidental. Ao escrever este breve tratado, usando de toda a sua experiência para instruir um herdeiro dos Médici sobre as formas de ascender ao governo e depois mantê-lo em suas mãos, o autor expôs de forma inaudita os meandros e as artimanhas do poder.
Redigido por volta de 1513 e publicado somente em 1532, O Príncipe tem despertado ao longo dos séculos as mais variadas e acaloradas interpretações. Seria o opúsculo de Maquiavel um elogio ao mal, escrito pelo "punho do diabo", como quiseram alguns? Ou trata-se, antes, de uma sátira dissimulada aos soberanos, como entenderam Espinosa e outros? Ou nem uma coisa nem outra, mas "uma espécie de manifesto político", tal como via Gramsci?
Ciente das múltiplas interrogações que cercam este livro inclassificável, Diogo Pires Aurélio - professor de Filosofia da Universidade Nova de Lisboa - propõe uma operação radical: não aplainar as asperezas inerentes à linguagem e ao pensamento de Maquiavel, mas sim levar o leitor de língua portuguesa a redescobrir a força do original, com toda a sua carga de polissemia, concretude e vivacidade de expressão.
Para tanto, o tradutor trilha dois caminhos. Numa abrangente introdução, recompõe a trajetória do pensador italiano, inserindo-a no contexto de época e pontuando os diálogos e as leituras que O Príncipe provocou ao longo do tempo. Em sua tradução - que recebeu o Prêmio da União Latina em 2009 - ele reproduz com maestria os tons, os ritmos e os afetos da linguagem maquiaveliana. O resultado é um conjunto primoroso que, em edição bilíngue, resgata no século XXI a agudeza, o desafio e o prazer desse clássico da literatura e da ciência política.