Obesidade em Jovens - A lógica psicanalítica do ganho de peso
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Obesidade em Jovens - A lógica psicanalítica do ganho de peso

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Sérgio de Campos (EBP/AMP) lançou em 27/08/2016 seu livro “Obesidade em jovens – a lógica psicanalítica do ganho de peso”. O Portal Minas com Lacan aproveitou a oportunidade para saber o que a psicanálise lacaniana tem a dizer sobre a obesidade, que tem o estatuto de uma verdadeira epidemia nos dias atuais. (Obrigada pela entrevista, Sérgio!)
-Portal Minas com Lacan: Em seu livro você afirma que a obesidade é uma doença complexa, que envolve diversos aspectos biológicos, educacionais, nutricionais, culturais, sociais e subjetivos. Qual é a contribuição que a psicanálise pode dar no tratamento da obesidade entre jovens?
Sérgio de Campos: Constitui o Núcleo de Estudo de Obesidade (NEO) há 20 anos. Não era uma intenção trabalhar com obesos, mas aceitei o convite e me apropriei sobre o trabalho e me apaixonei pelo tema. Na época, chamava atenção o fato de que jovens inteligentes, sem problemas psiquiátricos não conseguiam seguir uma dieta elementar, denotando assim o ganho de peso, em virtude de uma questão subjetiva de fundo. Segundo a OMS e o Ministério da Saúde a obesidade é considerada hoje uma epidemia de grandes proporções em países desenvolvidos ou não. Em 2007, a conceituada New England of Journal publicou um artigo relatando que depois de exaustivas pesquisas ao longo de vinte anos não encontraram marcadores biológicos, tampouco genéticos capazes de explicar a obesidade. E assim, à priori, não há na medicina uma solução para a obesidade a curto prazo, médio e longo prazo que possa apresentar-se de maneira definitiva. Em contrapartida, a psicanálise aplicada à terapêutica, tampouco será capaz de resolver a questão da obesidade sozinha.
A obesidade é um paradigma de que a medicina falha em saber solucionar uma enfermidade, porque não leva em conta a subjetividade. Aliás, como nem só de pão vive o homem, o alimento encontra-se materializado na cultura. Então, o que se come se torna tão relevante quanto onde se come. Com quem se come, como se come, quando se come, quanto se come, a qualidade e a quantidade daquilo que se come. Entretanto, do ponto de vista da psicanálise, o que menos interessa é a comida, propriamente dita, como objeto oral. Portanto, é necessário que se estabeleçam uma interface de interlocução entre a psicanálise e a medicina para que esses falasseres encontrem um lugar para que possam ser cuidados e escutados.
-Portal Minas com Lacan: Você evidencia a presença de um ciclo vicioso característico dos casos de ganho de peso e de obesidade, composto de uma tétrade fundamental: frustração – angústia – gula – culpa. Você poderia nos falar mais sobre este ciclo vicioso em que os impasses subjetivos constituem o cerne da questão?
Sérgio de Campos: O livro aborda, a partir da experiência, o ganho de peso e a obesidade pelo viés da pulsão oral, ratificando a tese de Lacan sobre a perda da substancia do objeto. Então, o cerne da questão que se impõe não é propriamente o alimento, mas o gozo em virtude de um investimento da libido no objeto pulsional. O afeto que se instala a partir da frustração é a angústia que promove o ser falante à condição de sua posição em direção à demanda ao Outro. Se Lacan assinala no seminário XVI que o ser falante não tem uma relação de suplemento para com o objeto, é porque ele estabelece com o objeto um complemento que faz o Um, pelo viés da pulsão oral, constituindo um gozo auto-erótico. A pulsão oral se apresenta centrada em um objeto terceiro, na relação com o Outro e que se furta, tão inapreensível em seu gênero, como olhar ou a voz. Então, pode-se deduzir que a lógica do ganho de peso não é análoga, mas homóloga a da dependência química e a do alcoolismo.
Se acompanharmos a tese de Lacan que apenas o amor faz o gozo condescender ao desejo; pode-se argumentar que a frustração do dom do amor, faz o desejo retroceder ao gozo. Por consequência a obesidade pode servir como uma defesa contra o feminino. Portanto, o objeto a não surge como causa de desejo, mas como objeto mais de gozar, em razão da renúncia da pulsão, de maneira que a energia estará a serviço do supereu. Assim, o supereu exorta o ser falante ao excesso pelo viés do imperativo do gozo, mas retorna como imperativo categórico pelo viés da culpa e, por consequência, com mais frustração. Enfim, o supereu goza, seja pelo viés do imperativo do gozo, seja pelo seu predicado categórico. Em muitos casos, a direção do tratamento, orientada para o real está em perturbar a defesa com fins de liberar a pulsão oral fixada, de tal sorte que ela possa ser volatizada visando novas combinações pulsionais que se dirigem ao desejo.
-Portal Minas com Lacan: Você verifica que a obesidade pode surgir como um sinthoma e ao enodar os registros real, simbólico e imaginário, proporciona um equilíbrio psíquico para o falasser. Como tratar a obesidade nos casos em que ela própria se configura como o quarto elo que enoda a estrutura psíquica de um determinado sujeito?
Sérgio de Campos: Essa é uma questão bastante difícil de responder. Como tocar nesses pontos que são capazes de ancorar um falasser. O corpo em todas suas dimensões pode servir como uma amarração dos registros real, simbólico e imaginário estabilizando um ser falante ou o impedindo de desencadear uma psicose. Em alguns casos, a obesidade pode inclusive se configurar como um acontecimento de corpo, resultado de um acontecimento de discurso. Em algumas ocorrências, detectamos que a obesidade faz também a função de sinthoma, assim como em outros casos, como a droga que pode produzir um efeito sinthomático para o falasser. Então, como fica do ponto de vista ético sustentar um sinthoma que muitas vezes é deletério para o falasser? Em contrapartida, perturbar essa defesa pode levar o ser falante ao pior. Entretanto, sob o ângulo da contingência, considero que durante um processo analítico o ser falante pode ser capaz de encontrar outros pontos de amarração, nos quais um novo enodamento seja possível.
Entrevista realizada por Carla Capanema.(m3/130916).

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