Escrita em 2015, Os que ficam é um diálogo teatral com Augusto Boal. Inspirada em fragmentos da peça Revolução na América do Sul, de 1960, e em escritos pessoais como a autobiografia Hamlet e o filho do padeiro, esta dramaturgia da Companhia do Latão apresenta um grupo de artistas de teatro que ensaia a peça de Boal na década de 1970, momento em que a repressão estava cada vez mais sufocante.
A partir desse núcleo temático, o texto discute a censura, a violência da ditadura, a necessidade de sobrevivência econômica, o apelo ao trabalho na televisão, o exílio de autores e, mais profundamente, a resistência da cultura contra os interesses do capital.
Os que ficam traz ao leitor a oportunidade de conhecer não só parte do histórico de luta de Boal e de sua geração, mas de resgatar os aprendizados do passado para construir o presente. A peça produz, assim, uma reflexão sobre as dificuldades da arte política na atualidade.
Esta edição possui Apresentação de Sérgio de Carvalho, Posfácio de Iná Camargo Costa e Notas sobre o processo de Julián Boal, além de fotografias da montagem. Ainda, a publicação reúne, na seção Anexos, a Ficha técnica da estreia, as partituras das canções compostas pela companhia para a peça e Sugestões de estudos para o leitor interessado em dar continuidade a pesquisas relacionadas.