Rãs
Nas Rãs, peça apresentada em 405 aec, a tragédia desce aos infernos. Diante da morte de Eurípides, Dioniso, o deus do vinho e do teatro, desespera-se: não há mais bons poetas para celebrá-lo nos festivais dramáticos de Atenas. Resta ir ao mundo dos mortos para trazê-lo de volta. Nessa jornada, deus, poesia e cidade confrontam-se consigo mesmos – e se transformam. O conflito geracional, tema caro a Aristófanes, encarna-se aqui na disputa entre dois tragediógrafos: Ésquilo, antigo e celebrado, e Eurípides, inovador e iconoclasta. Assim, a comédia homenageia, parodia e esmiúça criticamente seu gênero irmão, enquanto percorre os diversos cantos da vida ateniense. Esboça-se, assim, raro retrato da recepção da tragédia e da poesia por seus contemporâneos.
ARISTÓFANES, expoente da comédia grega antiga, é admirado há séculos por seu humor afiado, político e absurdo. Seu estilo é exuberante e inventivo, entrelaçando as diversas linguagens do tempo: as fofocas caseiras, as pechinchas do mercado, os discursos na Assembleia e nos tribunais, os versos épicos, as diatribes filosóficas. Personagens e enredos, por sua vez, expõem os costumes e o cotidiano da antiga Atenas pormenorizadamente, num testemunho histórico precioso e único. Esta nova tradução para o português, diretamente do grego, procura fazer jus a todas as suas qualidades originais (humor, estilo, versificação) e fornecer notas para esclarecer questões históricas, políticas e culturais.
Edição bilíngue
Introdução, tradução e notas de
Tadeu da Costa Andrade
Tadeu da Costa Andrade é professor de Língua e Literatura Grega da Universidade Federal da Bahia (UFBA).