Um País no Espelho
“Um país no espelho” é o segundo livro que o autor publica pelas Edições Alma de Gato do Grupo Editorial Scriptum. Nele, há toda uma reflexão sobre o Brasil e a vida. Para elaborar seu texto, Luiz Clavis faz o personagem principal se empenhar numa viagem terminal pelo interior do Brasil e da sua consciência. Mas se a história tem no seu começo tintas pessimistas, aos poucos ela se transforma numa narrativa de esperança, numa reformulação de objetivos e sentimentos que se define aos poucos. Algumas palavras do autor dizem bem das suas expectativas e de seus anseios: “SENTIMENTO COMPLACENTE – Falar do Brasil nos faz exercitar o senso crítico e a insatisfação até as últimas consequências. Queremos julgar e condenar, analisar e concluir, queixar, protestar, levantar nossa indignação aos estertores terminais. Queremos enfim exigir do Brasil que seja uma terra onde se possa ser feliz ou talvez muito mais do que apenas isso. Queremos mudar o comportamento coletivo, a ética da sociedade, a extrema miséria comunal. Sonhamos aniquilar corruptos, nos sentimos lesados pelo Fisco, apregoamos nossa insatisfação com o calamitoso deboche institucionalizado. Pedimos um pouco de civilidade, alguma educação, uma tintura de respeito, uma certa compostura... É, somos exagerados nas nossas exigências. Talvez porque queiramos o melhor mas não saibamos esperar pela consumação das nossas esperanças. Talvez porque sejamos apenas feitos de crença e amor.”
O herói do livro é um homem ferido pelo fracasso, que resolve empreender uma viagem terminal, mas que aos poucos reconquista a esperança de viver. É o autor quem o faz dizer:
“Não se desespere se a textura for incômoda,
Não desista se suas papilas gustativas
sentirem o gosto amargo da escuridão.
Não jogue nada fora, não perca a calma,
Não desanime nunca,
Porque o gosto é esse mesmo,
Mas vai mudar!
Basta um pouco mais de açúcar,
dois copos de sabedoria,
uma certa dose de indignação
e a mesa se tornara farta novamente...
O aroma dos temperos surgirá inebriante
e aguardaremos pela sobremesa,
saciados.”