VOZES DO DESERTO - 8ªED.(2021)
Vencedor do Prêmio Jabuti nas categorias Melhor Romance e Livro do Ano em 2005, Vozes do deserto, de Nélida Piñon, ganha nova edição. Em Vozes do deserto, Nélida Piñon não só recria a história das Mil e uma noites como também realça o desempenho de uma mulher transgressora em uma sociedade patriarcal. Através de uma narrativa envolvente e irretocável, Nélida acompanha a história de Scherezade, a jovem mais brilhante da corte, que, para salvar as jovens do reino das garras do poderoso Califa, decide casar-se com ele. Filha do Vizir, que devia servidão ao poderoso monarca, ela não acredita que o poder do Califa possa determinar o fim de sua imaginação.Segundo Alfredo Bosi, que assina a orelha do livro:“Nélida vê por dentro, com empatia a um só tempo forte e delicada, a mulher de quem a fabulosa criação oriental nos dera apenas o vulto escondido entre as dobras do véu muçulmano. Agora sabemos quem é Scherezade, pois Nélida nos revelou a sua natureza profunda: é a força mágica da voz narrativa que enfrenta, a cada lance, a opressão e a morte. O sexo sem amor, obscenamente mecânico, imposto à jovem esposa (possuída e não amada), não consegue satisfazer ao Califa entediado; mais insaciável é a sede da palavra, e imperioso é o desejo de ouvir o conto inacabado.E é este desejo que salva a narradora e todas as mulheres pelas quais ela se sacrifica. Desse ritual fazem parte o soberano enredado na teia do poder: Dinazarda, imagem da solerte prudência; e a escrava Jasmine. Nélida soube extrair desta esquiva figurante a mina da fantasia popular com que se alimenta a fantasia da contadora de histórias.Sutil e firmemente, Nélida nos faz ouvir as vozes do deserto, de onde vieram e para onde vão os sonhos da narradora, enfim liberta da missão que se impusera. Quem tem ouvidos, ouça — é a palavra que resta dizer ao leitor desta obra que reinventa o fascínio das Mil e uma noites.”Para o escritor, tradutor e jornalista português António Mega Ferreira, Vozes do deserto é “um dos mais belos romances escritos em língua portuguesa neste princípio de século”.